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12/jun/2019

Os Astrocitomas Pilocíticos constituem o grupo de gliomas mais frequente em crianças e adolescentes. Estas neoplasias não apresentam predileção significativa pelo sexo, mas alguns estudos descrevem incidência ligeiramente superior em pacientes do sexo masculino.

Este tipo de neoplasia frequentemente está localizada nas estruturas da linha média (vias oculares, hipotálamo e tronco cerebral) e na fossa posterior, mas também podem ser encontrados em outras estruturas ao longo do neuroeixo. São normalmente bem delimitados e apresentam baixa atividade proliferativa, frequentemente apresentando um componente cístico.

Os Astrocitomas Pilocíticos são tipicamente classificados como um tumor OMS Grau I e seu tratamento pode ser exclusivamente cirúrgico desde que sua localização permita tal intervenção sem riscos significativos ao paciente.

Apesar de ser encontrado predominantemente em crianças, é possível que o Astrocitoma Pilocítico seja encontrado em adultos jovens, mas raramente atingem indivíduos com mais de 50 anos.

Astrocitomas pilocíticos podem produzir déficits neurológicos focais  ou sinais não localizatórios, como macrocefalia, dores de cabeça, endocrinopatia e aumento da pressão intracraniana devido ao efeito de massa local ou obstrução do sistema ventricular. Crises epilépticas podem ocorrer, mas são incomuns, já que as lesões dificilmente envolvem o córtex cerebral. Perda visual é um sintoma frequente, visto que as lesões podem acometer as vias visuais.

Inicialmente, apenas os aspectos morfoestruturais eram considerados para o diagnóstico de gliomas. Atualmente a caracterização molecular das lesões têm oferecido subsídios relevantes para orientação da conduta e comportamento biológico.

Entre os aspectos moleculares descritos entre os pacientes com astrocitoma pilocítico estão as alterações genéticas listadas abaixo:

 

GENE Alteração % dos Tumores Utilidade Diagnóstica
BRAF e KIAA1549 Duplicações sequenciais que resultam em proteínas de fusão KIAA1549-BRAS, todas contendo o domínio da BRAF quinase e com a regulação do domínio regulatório do BRAF N-Terminal >70% Comum em astrocitomas pilocíticos, particularmente os cerebelares; raro em outras formas de tumor.
BRAF e outros genes diversos Deleções e translocações resultando em proteínas de fusão BRAF quinase, todas possuindo o domínio BRAF quinase e com o domínio BRAF regulatório substituído pela parte N-Terminal de outro gene ~5% Ocorre em astrocitomas pilocíticos; extremamente raro em outras entidades.
BRAF Mutação V600E ~5% Ocorre principalmente em astrocitomas pilocíticos supratentoriais; também em gangliogliomas, xantoastrocitomas pleomórficos.
NF1 Perda do tipo selvagem. Mutação hereditária acumulada. ~8% Tipicamente células germinativas; muito associado ao astrocitoma pilocítico do nervo ótico.
FGFR1 Mutação <5 Encontrado principalmente em astrocitomas pilocíticos da linha média; frequência não estabelecida em outras entidades.
FGFR1 Fusões / duplicações sequenciais internas <5 Raro no astrocitoma pilocítico; também observado em outros gliomas de baixo grau.
Família NTRK Fusões ~2% Raro no astrocitoma pilocítico; frequência não estabelecida em outras entidades.
KRAS Mutação Casos Únicos Raro no astrocitoma pilocítico; frequência não estabelecida em outras entidades.
RAF1 Fusões com consequências similares às fusões BRAF, ou seja, perda do domínio regulatório e substituição pelo final do N-Terminal do SGRAP3 Casos Únicos Raro no astrocitoma pilocítico; frequência não estabelecida em outras entidades.

Tabela 1 – Alterações genéticas que afetam a via do MAPK em astrocitomas pilocíticos e sua utilidade diagnóstica. (adaptado de WHO, 2016).

 

Fonte: WHO classification of tumors of the central nervous system / edited by David N. Louis, Hiroko Ohgaki, Otmar D. Wiestler, Webster K. Cavanee – Revised 4th Edition. Lyon, 2016.

 

 

 


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13/maio/2019

O Glioblastoma é um glioma de alto grau com predomínio de diferenciação astrocítica. Esse tumor apresenta atipias nucleares e, na maioria dos casos, pleomorfismo celular (variação no formato), atividade mitótica proeminente e um padrão de crescimento difuso, assim como proliferação microvascular/endotelial e/ou áreas necróticas.

Estes tumores se desenvolvem com grande rapidez e os sintomas ocasionados dependem da localização da lesão. Inicialmente manifesta déficits neurológicos focais, como hemiparesia (perda de força em um dos lados do corpo) ou afasia (alterações da fala) e aumento da pressão intra-craniana, entre outros. Mais da metade dos pacientes são diagnosticados com uma lesão cerebral após uma primeira crise epiléptica. Outros sintomas comuns são mudanças cognitivas e comportamentais, náuseas e vômitos, e cefaleias intensas e progressivas.

O Glioblastoma é a lesão cerebral maligna mais frequente em adultos. Ele representa aproximadamente 15% de todas as neoplasias intracranianas e entre 45% e 50% de todos os tumores cerebrais malignos primários.

Os Glioblastomas que não possuem mutação do gene IDH (IDH-Wildtype) são os mais comuns, representando aproximadamente 90% de todos os glioblastomas. Estes tumores podem se manifestar em pacientes de qualquer idade, mas afetam preferencialmente adultos entre 55 e 85 anos.

Mesmo com alto grau de mortalidade, alterações favoráveis em nível molecular como mutação do IDH e/ou Metilação do Promotor MGMT possuem frequentemente taxas de resposta mais positivas aos tratamentos existentes em relação às lesões que não possuem tais mutações.

 

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Fonte: WHO classification of tumors of the central nervous system / edited by David N. Louis, Hiroko Ohgaki, Otmar D. Wiestler, Webster K. Cavanee – Revised 4th Edition.


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